sábado, 31 de maio de 2008

Noite clara, dia escuro

Ela olhava para o céu, sua cabeça lindamente apoiada sobre o travesseiro de grama verde. Pelo menos era o que ele via. Uma pena caiu em sua face.
Uma mão caiu sobre a mesma e retirou-a. Não sem antes fazer cócegas na menina. Um espirro. Um sorriso. Uma risada. E um beijo.
Silêncio.
Nem uma palavra.
O dia nasceu.
Duas palavras.
O dia escureceu.
Tudo acabou.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Cai chuva do céu iluminado

A chuva caía e a marginal já se enchia. Estourando de alegria, a pequena criança corria atrás da bola: suas pernas pareciam pesar, sua calça a molhar soava como uma triste música de fim de tarde.
O sol refletia de forma vermelho-alaranjada a sombra incerta da criança. Assemelhava-se com sangue. A música ainda soava e a bola não pulava mais, era apenas levada pela correnteza. A criança tentava a todo o custo manter as pesadas e molhadas pernas no chão, mas rapidamente foi levada. Sua sombra desapareceu, mas o sol continuou a iluminar todo o dia neste horário o local aproximado da morte da alegria do mundo.
E mais uma vez nada disso apareceu no jornal. A única coisa que apareceu foi o arco-íris "duplo".